A professora substituta Julie Amero (40) pode respirar um pouco melhor. Ela havia sido condenada em janeiro por exibir imagens pornográficas para uma turma da sétima série em outubro de 2004. Depois de vários adiamentos, a divulgação da sentença deveria ocorrer hoje (6/06), mas a juíza Hillary Strackbein afirmou que informações falsas foram apresentadas ao júri e que um novo julgamento é necessário.
Amero, que trabalhava em uma escola do estado de Connecticut, nos EUA, é acusada de exibir imagens pornográficas para menores durante uma aula em que era professora substituta. De acordo com sua defesa, o computador estava sem as atualizações de segurança e infectado por spywares. A professora, que recebeu ordens para não desligar o computador, afirma ter avisado a direção da escola sobre o problema, mas nada foi feito. Em vez disso, a escola admitiu que o sistema de filtragem de conteúdo estava desativado.
Alunos chamados pela promotoria para testemunhar disseram que Amero tentava repetidamente desviar a tela para que eles não pudessem ver o que estava no computador. Mas David Smith, o promotor do caso, questionou por que Amero não desligou o monitor do computador, ou o próprio computador. O fato de que professores substitutos não têm autoridade para isso foi ignorado pelo júri.
David Smith ainda afirmou que os links nos sites pornográficos estavam marcados como “visitados”, o que, de acordo com ele, seria a prova de que a professora visitou as páginas por vontade própria. Especialistas discordaram e disseram que visitas automatizadas por spywares não podem ser diferenciadas de visitas manuais.
Amero, que poderia pegar até 40 anos de prisão, foi então condenada pelo júri.
[Veja também: Professora acusada de exibir imagens pornográficas culpa spywares]
No sistema legal dos Estados Unidos, decisões judiciais são consideradas quase o mesmo que lei e respeitadas em casos semelhantes no futuro. Se outras pessoas fossem acusadas de exibir imagens pornográficas para menores, mesmo que as imagens tenham sido exibidas por spywares, este caso serviria de base para o julgamento, o que poderia colocar inocentes na cadeia.
A idéia de um “precedente perigoso” mobilizou a comunidade de segurança. Professores de ciências da computação juntaram dinheiro para pagar um anúncio de uma página inteira no jornal local pedindo que o caso fosse reavaliado. Especialistas de empresas como Sunbelt Software, MessageLabs e SecureWorks examinaram gratuitamente o computador usado na sala de aula. Muitos doaram dinheiro e advogados melhores trabalharam no caso.
O resultado do trabalho desta equipe apareceu hoje, quando, ao invés de saber quantos anos iria ficar na prisão, Amero recebeu a boa notícia de que terá uma segunda chance. A juíza Strackbein afirmou, de acordo com o jornal Hartford Courant, que uma análise do computador feita pelo departamento de policia contradizia o que disse o especialista Mark Lounsbury, que testemunhou pela promotoria.
David Smith, o promotor do caso, admitiu ao Courant que informações errôneas sobre o computador foram apresentadas durante o julgamento e adicionou que o estado não irá mais tomar posição, o que significa que Amero pode não ser julgada novamente.
“Alunos chamados pela promotoria para testemunhar disseram que Amero tentava repetidamente desviar a tela para que eles não pudessem ver o que estava no computador. Mas David Smith, o promotor do caso, questionou por que Amero não desligou o monitor do computador, ou o próprio computador.”
Esse tal de David Smith arranjou, com essa atitude, um motivo pra se envergonhar pelo resto de sua carreira como homem da “lei”. Bom, afinal a justiça foi feita, pelo menos. Eu só acho que seria mais justo ainda o estado americano indenizar essa professora.
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